Deitava-me à noite ao lado da minha filha com 9 anos e pensava, tem que correr bem, não pode ser de outra forma, eu tenho de continuar forte para ela.
E continuei a achar que a minha estrelinha (aquela que todos temos) estava a olhar para mim e que eu estava protegida, afinal de contas nós passamos a vida a dizer "estas coisas não acontecem só aos outros" mas lá no fundo achamos que a nós não vai acontecer, é uma contradição eu sei, mas eu cheguei a essa conclusão, pelo menos foi o que eu senti.
No dia em que fui buscar os resultados dos exames, na minha hora de almoço, estava mais nervosa do que em qualquer outra situação da minha vida, e quando abri o envelope não consegui ler, bem eu li, mas foi como se não o tivesse feito, os olhos ficaram turvos e não conseguia decifrar bem as letras, reli e percebi que havia qualquer coisa de anormal, mas não tão mau assim, o que detectaram foi uma lesão atípica benigna.
Fiquei feliz como é óbvio, afinal a estrelinha estava atenta e o que tivesse que fazer para tratar da tal lesão atípica não devia de ser nada de muito complicado, afinal aquilo até era benigno, menos mal.
Tinha chegado então o dia de partilhar com os meus pais o que estava a acontecer, afinal já não havia motivo para eles se preocuparem, já não havia motivo para passarem noites sem dormir a pensar que podia correr mal.
Desde o início tomei a decisão de não preocupar os meus pais, achei que não havia necessidade de sofrerem por antecipação, e que só falaria com eles quando soubesse algo em concreto.
Sabia que iam "barafustar" mas iam acabar por entender porque tinha agido assim.
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